INÁ Editora
Paixão por palavras e por gente
“E na história dos pássaros / os guerreiros continuam vivos”
(Ferreira Gullar, Poema Sujo)
“... e na sina: / a de abrandar estas pedras / suando-se muito em cima”
(João Cabral de Melo Neto, Morte e Vida Severina)
“... e na secura nossa / amar a água implícita, e o beijo tácito, e a sede infinita”
(Carlos Drummond de Andrade, “Amar”, in: Claro Enigma)
E na editora, fazemos isso acontecer.
O ABC da INÁ
Como um minialfabeto, as três letras de INÁ bastam para formar diferentes nomes. Experimente você mesmo: qualquer combinação entre elas faz surgir uma palavra que é possível pronunciar, e que conseguimos nos imaginar usando para chamar alguém.
Mais do que as letras ABC, as letras de INÁ combinam com o modo de formar palavras na língua portuguesa, e em especial com a sonoridade do português do Brasil. Uma consoante e duas vogais, suficientes para formar um som que, por mais incomum, reconhecemos sem dificuldade como nome de gente.
Gostar de gente, gostar da língua e trabalhar para tornar visível a diversidade de ambas: é essa mistura a razão de existir da INÁ Editora.
INÁ acolhe e expande
Demos à editora o nome de alguém real, e alguém que foi mãe. Em tupi, “mãe” se diz INÁ – que, numa fascinante ambiguidade, pode também significar, simplesmente, “pessoa”. Tanto o símbolo da função materna como a ideia geral do cuidado com as pessoas apontam para dois atos a que queremos, com a editora, fazer jus: por um lado, acolher; e, por outro, ajudar a expandir.
Temos a alegria e a responsabilidade de iniciar nosso projeto abrigando dois outros que o antecederam. Inauguramos nossas publicações com algumas centenas de obras originalmente editadas por outros dois selos – e que passam, agora, a integrar o nosso catálogo. Um catálogo destinado a crescer com os lançamentos que faremos, tanto de autoras e autores diferentes como de novos livros dessas mesmas coleções que começamos abrigando.
Da ficção à não-ficção, das artes às religiões, da psicologia à teoria política, do desenvolvimento pessoal às ciências humanas. Obras clássicas e contemporâneas, de autoria estrangeira ou nacional.
♦ Estes são alguns dos nomes que você já costumava ler e agora encontrará aqui: Robert Bresson, Andrei Tarkóvski, Tennessee Williams, Edgar Morin, Matéi Visniec, Gilberto Freyre, T. S. Eliot, Benedetto Croce, Pierre Hadot, Michel Henry, René Girard, Louis Lavelle, Flannery O’Connor, C. S. Lewis, David Foster Wallace, Viktor Frankl, Georges Bernanos, Jean-Pierre Dupuy, Charles Taylor, Lionel Trilling, Northrop Frye, Xavier Zubiri, Christopher Dawson, Eric Voegelin, Leo Strauss, Roger Scruton, Jordan Peterson, Thomas Sowell, Theodore Dalrymple.
♦ E estes são alguns dos muitos nomes que você talvez vá ler pela primeira vez conosco: na literatura, Léon Bloy; na filosofia, Paul Ricoeur; na teoria política, John Kekes.
Os projetos editoriais que nos antecedem são, para nós, fontes de estímulo. Dar continuidade a eles requer, e não exclui, a coragem de fazer algo novo.
“... e na experiência dos diferentes indivíduos... cada ser encontra em cada objeto uma matéria mais ou menos rica que é a expressão e o reflexo de sua própria originalidade” (Louis Lavelle).
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UM VISLUMBRE DO QUE VEM POR AÍ...
De 2001 a 2025: o que INÁ tem a ver com HAL
Ecoando um nome brasileiro e uma palavra tupi que é sinônimo de “pessoa”, a INÁ oferecerá livros que estimulem leitoras e leitores de todos os tipos a florescer – nestes tempos em que se tornaram difíceis (mas urgentes) o cuidado com os outros e o entusiasmo com a vida.
O espalhamento da violência e o domínio cego da tecnologia ameaçam o cultivo de tudo o que já foi visto como potencialidade humana –
“... e na civilização das Máquinas a vida interior assume pouco a pouco um caráter anormal” (Georges Bernanos).
Mas, assim como em 2001 – Uma Odisseia no Espaço o computador HAL (“IBM” trazido um passo atrás no alfabeto: I por H, B por A, M por L) acusa os perigos que se anunciavam na época do filme, também em INÁ está contida uma inversão alfabética.
Ante a desumanização da vida, a precarização do trabalho e a descaracterização das culturas, é preciso repensar por que é mesmo que estamos correndo tanto. Em lugar do discurso automático do “JOB”, reconsideremos a palavra, trocando o J pelo I, o O pelo N, o B pelo A: INÁ...
... e na sina
de abrandar estas pedras,
amemos
a água implícita,
e a sede infinita.